Mudança
entraria em vigor no próximo ano, para baratear o custo da mão de obra e
garantir crescimento
Adriana
Fernandes
O
governo estuda a viabilidade de fazer uma desoneração ampla da folha de
pagamentos para toda a economia. A estratégia implicaria a implantação de um
novo modelo tributário, segundo apurou o ‘Estado’, diferente do que começou a
ser adotado este ano e que beneficia apenas alguns setores da indústria.
A
mudança entraria em vigor em 2013 e teria papel fundamental na estratégia do
governo de baratear o custo da mão de obra e garantir o crescimento da renda e
do emprego. O pedido de estudo partiu da própria presidente Dilma Rousseff, que
está convencida de que é preciso acelerar a desoneração tributária, diante do
esgotamento cada vez mais evidente dos efeitos das medidas pontuais e
emergenciais de estímulo ao crescimento.
Por
causa do forte impacto fiscal nas contas públicas com uma desoneração desse
porte, ainda não há decisão do governo. Uma mudança de política nessa direção
poderá implicar a redução da meta de superávit primário do setor público - a
economia feita para o pagamento de juros da dívida -, estratégia que a equipe
econômica não quer admitir agora para não prejudicar a política de juros. Mas,
segundo informaram diferentes fontes do governo, a decisão da presidente sobre
a desoneração será "rápida".
Congresso
O
problema maior para o governo é que a Câmara dos Deputados incluiu na Medida
Provisória (MP) 563, que amplia a abrangência do Plano Brasil Maior de
incentivo à industria, uma lista bem maior de empresas beneficiadas pela
desoneração da folha, alcançando também o setor de serviços. Além dos 15
segmentos previstos originalmente na MP (para quatro deles o benefício já está
em vigor), os parlamentares incluíram as empresas de transporte rodoviário,
aéreo (carga e passageiros) e navegação, brinquedos e manutenção de aeronaves,
motores, componentes e equipamentos.
Cálculos
indicam que o impacto fiscal dessa ampliação é muito grande, o que exigirá da
presidente em breve - com a aprovação da MP também pelo Senado - uma definição
sobre vetos. Retirar o recolhimento que as empresas do setor de transporte
rodoviários fazem para o INSS é o que mais pesa nessa ampliação da lista. O
veto a algum setor específico seria muito desgastante para o governo. Além
disso, outros setores têm buscado a equipe econômica para obter o benefício.
O
que se discute agora no governo é se vale a pena prosseguir com essa estratégia
de desoneração pontual por setor ou começar a fazer uma política mais geral,
incluindo não só toda a industria, como o setor de serviços. A avaliação de
algumas fontes oficiais é a de que prosseguir no modelo atual pode não ser a
melhor estratégia para a aumentar a competitividade no País.
Flexibilização
Quanto
mais geral a desoneração, dizem as fontes, não só maior será o impacto fiscal,
como também proporcionalmente o benefício a cada setor ficará menor. Há também
no governo defensores da ampliação da desoneração via redução da Cofins e do
PIS. Nesse caso, na reforma do modelo tributário desses dois tributos, em
elaboração, a Receita Federal calibraria a alíquota para baixo.
"O
Congresso abriu a porteira ao incluir o setor de transporte na desoneração. Não
há mais como segurar esse processo", diz uma fonte. Mesmo que o governo
opte em manter o modelo atual de desoneração da folha, a ampliação da lista
pelo Congresso não é viável no Orçamento sem que haja uma flexibilização da
política fiscal em 2013. Essa mudança poderá ocorrer com a redução da meta de
superávit ou simplesmente com o abatimento dos investimentos.
Fonte:
Estadão
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